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LeYa Brasil reedita o primeiro livro de Roberto Mangabeira Unger

 




Em Conhecimento e Política, autor repensa as sociedades analisando dois conceitos (e práticas) hoje atacados pelo ideário totalitário: o conhecimento e a política.

Para Roberto Mangabeira Unger, fazer filosofia é pensar radicalmente. É insistir em tratar dos assuntos mais importantes, ainda que tenhamos de fazê-lo na fronteira do que seja possível pensar e dizer. Resignado ao colonialismo mental, o pensamento brasileiro não está acostumado a tal ousadia, segundo o professor de Harvard. 


Em Conhecimento e Política, Mangabeira se coloca como guia para o despertar do leitor na ambição de compreender o mundo das ideias mais básicas e influentes. Seu alvo é rever tudo – na filosofia e na política – que negue ou desmereça a capacidade, como indivíduos e como povo, de as pessoas criarem o novo. O objetivo do autor é trazer ao cerne da sua análise dois conceitos (e práticas) hoje atacados pelo ideário totalitário: o conhecimento e a política. Nas palavras do autor, que abrem o livro:


“Este ensaio é um ato de esperança. Aponta em direção a uma espécie de pensamento e a um tipo de sociedade que ainda não existe e talvez nunca venha a existir. Por isso este trabalho é antes um esboço que a expressão definitiva de uma doutrina. Não pretende ser a formulação de uma metafísica nem a discussão de problemas políticos concretos. Em vez disso, procura realizar uma tarefa menor mas que antecede aquela: servir à compreensão do contexto de ideias e sentimentos dentro do qual a filosofia e a política se devem, agora, praticar.”


Conhecimento e política, publicado em 1975, foi o primeiro livro de Roberto Mangabeira Unger. A editora LeYa Brasil o publica novamente agora, na tradução da mãe do autor, a poetisa Edyla Mangabeira Unger, e após nova leitura crítica de Mangabeira, marcando o início da reunião de toda a obra do filósofo no Brasil. A editora irá reeditar o catálogo do filósofo e trazer os seus inéditos, divulgando uma obra que se mantém atual e, ao mesmo tempo, visionária.


O tema do livro é a superação do mais influente sistema de ideias no pensamento Ocidental desde a Renascença: o conjunto de conceitos que abrange o individualismo e o liberalismo na política, o ceticismo e o subjetivismo na ética, e o empiricismo e o positivismo na filosofia do conhecimento e da natureza. Desde que saiu da sombra de Aristóteles e do cristianismo, o pensamento ocidental se entregou, argumenta Mangabeira, à construção de uma maneira de pensar que o levou a contradições insolúveis e fez a sociedade perder o rumo do esclarecimento e da emancipação. 


Segundo o filósofo, no centro dessas contradições está um equívoco a respeito de quem somos e de como nos relacionamos com o mundo. Pensa-se a partir de regimes de pensamento, mas não temos que ser prisioneiros deles. É possível subvertê-los e transformá-los para chegar mais perto da realidade. É preciso participar de determinada sociedade e cultura. Nenhum regime social e cultural, contudo, serve como moradia definitiva, indica Roberto Unger Mangabeira. Daí a importância de construirmos um regime que facilite sua própria transformação. 


Nesta obra, Mangabeira iniciou a sua longa busca do roteiro das rebeldias libertadoras no pensamento e na política. E se levantou contra a tradição intelectual que continua a nos acorrentar.



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