Inspirada no livro-reportagem de Daniela Arbex, série Todo dia a mesma noite, que retrata o incêndio na boate Kiss, chega à Netflix nesta quarta-feira, 25/01
No
ano em que o incêndio na boate Kiss, que deixou 242 mortos, completa
dez anos, chega à Netflix uma minissérie de cinco episódios inspirada no
livro-reportagem Todo dia a mesma noite, de Daniela Arbex,
sobre a tragédia em Santa Maria (RS). A produção homônima estreia nesta
quarta-feira (25/01), com Julia Rezende (Um namorado para a minha mulher) na direção e roteiro de Gustavo Lipsztein (Tensão em alto mar).
Trata-se de uma dramatização do trabalho de apuração da premiada
jornalista, que atuou como consultora criativa da série. Paulo Gorgulho (Pantanal, Segunda chamada), Debora Lamm (Amor de mãe) e Thelmo Fernandes (Coisa mais linda) estão entre os nomes que compõem o elenco. O trailer já está disponível aqui.
Publicado pela Intrínseca em 2018, Todo dia a mesma noite é
resultado de dois anos de trabalho intenso. Para escrever a obra,
Daniela Arbex analisou as 20 mil páginas que compõem o Caso Kiss na
Justiça e fez entrevistas com mais de 100 pessoas de Santa Maria —
ouvindo mães e pais de vítimas, sobreviventes, peritos, o ex-prefeito da
cidade e até profissionais de saúde que falaram sobre o caso pela
primeira vez. Depois de transcritos, os depoimentos ocuparam cerca de 5
mil páginas no computador da autora. Com base nesse material, ela
reconstrói cenas do dia do incêndio, mostra como o episódio abala ainda
hoje a cidade e dá aos números e aos fatos a dimensão humana necessária.
Da chegada da primeira equipe de bombeiros ao local do desastre até as
últimas reviravoltas do processo nos tribunais, passando pelo resgate
dos sobreviventes, pela etapa de reconhecimento dos corpos, pelas
histórias dos que perderam filhos, irmãos, amigos, namorados e namoradas
e por muitos outros momentos cruciais, Todo dia a mesma noite apresenta
aos leitores o retrato de uma comunidade marcada pela perda. Além
disso, revela com ineditismo a frieza de algumas autoridades públicas
diante da tragédia. Dolorosa porém indispensável, a obra conduz a uma
compreensão ampla das consequências de descuidos banalizados por
empresários, políticos e cidadãos, ajudando a erguer um memorial para
que essa noite tenebrosa jamais caia no esquecimento.
Com prefácio de Marcelo Canellas, premiado repórter do Fantástico, quarta capa assinada por Marcelo Beraba, diretor do Estadão
em Brasília e conselheiro da Associação Brasileira de Jornalismo
Investigativo (Abraji), e imagens feitas pela fotojornalista Marizilda
Cruppe, a obra de Daniela Arbex é uma impactante tomada de consciência,
um despertar de empatia pelos jovens que tiveram o futuro barbaramente
interrompido.
"Este
livro é uma recusa ao esquecimento. Ao tomá-lo nas mãos, você estará
participando do imenso esforço coletivo para fazer da memória um
instrumento de conforto e de respeito à dor alheia."
– Marcelo Canellas
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