A infância, para Manoel de Barros, funciona como uma espécie de lente pela qual ele reorganiza o mundo. Não à toa, as crianças permeiam todo este Compêndio para uso dos pássaros, a começar pelos próprios filhos do poeta, saudados nos primeiros dos treze poemas do livro: o primeiro é inspirado nos “poeminhas pescados” na fala de João, seu primogênito; o segundo, “A menina avoada”, é dedicado à filha Martha; e o terceiro, “O menino e o córrego”, ao caçula Pedro.
Na brincadeira com as palavras e seus múltiplos sentidos, o poeta nos sensibiliza para o mundo natural, do qual muitas vezes nos desconectamos. Esta sua narrativa tão singular tem o poder de ressignificar a realidade, subvertendo assim a racionalidade e a lógica da civilização ocidental.
Em uma entrevista que deu na época do lançamento do livro, conta que resolveu escrever este Compêndio inspirado nas palavras de Paul Klee — que em suas “Anotações estéticas” narra a alegria que sentiu quando conseguiu readquirir os traços da inocência — e nas falas do filho João: “Por essas coisas […] me animei a compor uns poemas e sintaxes tortas à moda dos meninos”.
Esta edição ainda traz fotos e documentos do acervo pessoal do autor, e prefácio da poeta, jornalista e tradutora Stephanie Borges.
MANOEL DE BARROS (1916-2014) nasceu em Cuiabá, mas foi criado numa fazenda próxima a Corumbá. Em 1937, publicou seu primeiro livro de poesia, Poemas concebidos sem pecado. A partir de então, conquistou vários prêmios importantes, nacionais e internacionais, e sua obra foi traduzida para diversos idiomas.
SERVIÇO:
Compêndio para uso dos pássaros, Manoel de Barros
Número de páginas: 96
Preço: R$ 59,90 / e-book: 34,90
Lançamento: 03/08/23
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